quinta-feira, 26 de abril de 2012

Prática de ensino na formação de professores de ciências


No dia 25 de abril tivemos a oportunidade de discutir, com a professora Luisa Dias Brito, alguns aspectos das "práticas de ensino" na formação dos professores de Ciências, cujo tema foi objeto de estudo no doutorado da docente.

A formação de professores tem, desde seu preâmbulo, a necessidade de inserção do professor em formação no contexto da docência. Contudo, na trajetória histórica dos cursos de licenciatura, muito viu-se propagar o "modelo 3+1", ou seja, três anos de formação semelhante ao bacharelado, tendo apenas no último ano espaço para a inserção em escolas, basicamente por meio dos estágios curriculares. Este modelo, no entanto, não consegue abarcar a complexidade da prática docente, tampouco promover a articulação entre a pesquisa que produz os conhecimentos que se traduzem em conteúdos escolares com o seu ensino, fazendo propagar dizeres como "na prática a teoria é outra".
Frente à esta problemática, temos alguns indicativos legais que apontam para a necessidade da inserção do licenciando, desde os primeiros semestres, em contextos da docência. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira já trazia indícios desta necessidade, mas é com a Resolução CNE/CP nº1 de 2002, e também com o parecer CNE/CP 09/2001 que fica instituída a necessidade de contemplar a prática de ensino como componente curricular nas licenciaturas. Neste contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica indicam que a prática de ensino não deve ficar reduzida a um espaço isolado e desarticulado do restante do curso, que deve estar presente desde o início do curso e permear toda a formação do professor, assim como também deve estar articulada ao demais componentes curriculares, instituindo um número mínimo de horas para este componente curricular. Contudo, nestas diretrizes, fica posto que cada instituição deverá, dentro das características do seu contexto, prever nos projetos dos cursos a melhor forma de contemplar as práticas de ensino.

Como tais práticas tem sido contempladas nos cursos de formação de professores? Vislumbrando compreender esta questão, a professora Luisa Dias Brito, professora do curso e Ciências Biológicas da UESC, buscou, em seu Doutorado em Educação, compreender como os cursos de Biologia das Universidades Estaduais da Bahia vinham contemplando esta necessidade.




O público presente teve a oportunidade de verificar como as demais universidades estaduais da Bahia previram as práticas de ensino nos cursos de Biologia, participando de uma tecitura de análises que se expande para a formação de professores em todos os âmbitos do Ensino de Ciências.











terça-feira, 24 de abril de 2012

Prática de ensino na formação de professores de Ciências: PALESTRA DIA 25 DE ABRIL


É notória a necessidade da inserção dos licenciandos nos contextos da atuação docente. Contudo, é somente a partir de 2002, principalmente com as Resoluções CNE/CP nº1 e 2 de 2002 (que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e a duração/carga horária das licenciaturas), que a prática de ensino, desde os primeiros semestres, passa a ser obrigatória. Com a exigência legal, cada curso, em cada instituição, buscou formas de contemplá-la da melhor forma possível, dentro da realidade local. Este é um contexto que, até hoje, gera inquietações e demonstra ser necessário o seu debate.

Como as instituições vêm prevendo as práticas de ensino nas licenciaturas?
Qualquer forma de inserção no contexto escolar contempla a formação necessária à pratica de ensino?
A formação teórico-conceitual é condição apriorística para a inserção do licenciando em contextos de ensino? Prever "práticas" de ensino parte do pressuposto da distinção entre teoria e prática?
Como a prática de ensino tem se relacionado com o restante da formação docente?
A prática de ensino poderia ser um contexto de formação que extrapolasse as divisões entre as disciplinas? Isto é possível a partir dos currículos existentes? Para isso, qual a formação desejável do formador dos licenciandos?


Para discutir tal situação problemática contaremos, nesta quarta-feira (25 de abril), 18h45min, no Auditório Jorge Amado, com a participação da professora Luisa Brito, que conversará conosco sobre este tema, o qual também foi discutido em sua tese de doutorado, intitulada "A configuração da "prática como componente curricular" nos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das universidades estaduais da Bahia" (Universidade Federal de São Carlos, 2011).
Confira abaixo resumo da sua tese e o currículo da professora Luisa Brito. Para maiores informações sobre a programação do evento, consulte Programação no menu lateral.



A configuração da "prática como componente curricular" nos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das universidades estaduais da Bahia
Luisa Dias Brito*
Nesta pesquisa, investigo as configurações curriculares produzidas pelos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das Universidades Estaduais da Bahia, para inserir as 400 horas de “prática como componente curricular”, conforme determina as Diretrizes Curriculares Nacionais para formação de professores (DCN). Tive como objetivo compreender tais configurações no interior dos projetos dos cursos e identificar quais os sentidos de prática, presentes nas DCN, foram mobilizados para a sua construção. Além disso, busquei compreender os processos, embates e as disputas que estiveram envolvidos na sua produção. A pesquisa empreendida esteve alicerçada na compreensão “cíclica” da produção das políticas curriculares proposta pelo pesquisador inglês da área de política educacional Stephen Ball e colaboradores e nas pesquisas de autores brasileiros que, apoiando-se nas teorizações de Ball, investigam as atuais políticas curriculares brasileiras para a formação de professores. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, a partir dos projetos dos cursos, realizei análise documental, com o objetivo de identificar como a “prática como componente curricular” está configurada no interior de cada projeto e quais os sentidos de prática foram postos em circulação. Na segunda etapa, desenvolvida com dois dos cursos investigados, realizei entrevistas semi-estruturadas com professores que participaram do processo de estruturação do espaço curricular da “prática”, com o objetivo de identificar os embates envolvidos na sua produção. Resultados: dentre os seis projetos analisados, quatro respondem às DCN recontextualizando as argumentações que justificam a centralidade da prática na formação de professores. Nesses projetos, o espaço da “prática” procura inserir o licenciando, desde o início do curso, nas questões e problemáticas do campo educacional mais amplo e naquelas específicas do ensino de ciências e biologia. Recontextualiza-se, também, a compreensão, presente nas DCN, de que o contato que os licenciandos terão com os diversos espaços educativos, e, ou a problematização das questões referentes ao exercício da profissão nesses espaços, possibilitará, aos mesmos, dar significado à sua formação, bem como ter a percepção da complexidade inerente à docência. Tais projetos buscam promover e articular diferentes práticas sob a perspectiva interdisciplinar, com ênfase nos procedimentos de leituras, análises, discussões, produções coletivas, processos reflexivos e contato com diferentes espaços educacionais. Nos outros dois projetos, as argumentações das DCN não foram mobilizadoras para a configuração do espaço curricular em questão. A análise das narrativas dos entrevistados indicou o desencadeamento de disputas e embates para a configuração do espaço curricular da “prática”, que giraram em torno dos sentidos atribuídos ao referido espaço: a) em um dos cursos, se as horas de “prática” deveriam ser inseridas nas disciplinas de conteúdo específico (biológico) ou ter espaço próprio no interior do currículo; b) no outro curso, se a “prática” seria o lugar no qual os licenciandos aprenderiam a transformar os conhecimentos específicos em conteúdos voltados para o ensino de Ciências e Biologia ou se o papel da “prática como componente curricular” seria o de problematizar questões inerentes à profissão docente e ao ensino de Ciências e Biologia. Em síntese, a pesquisa revelou que a prática, enquanto dimensão formativa, amplia-se no contexto dos cursos de licenciatura de Ciências Biológicas das Universidades Estaduais da Bahia via recontextualização de políticas curriculares nacionais para formação de professores (DCN).
* Profa. Assistente da Universidade Estadual de Santa Cruz - Ilhéus - Bahia, lotada no Departamento de Ciências Biológicas, atuando na área de Ensino de Biologia. Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. Desenvolveu estágio (Doutorado Sanduíche) no Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - PT. Graduou-se em Ciências Biológicas - licenciatura e bacharelado - pela Universidade Estadual Paulista - UNESP/Campus Rio Claro (2001). Concluiu o mestrado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2005). Tem experiência como professora de Ciências e Biologia da educação básica do sistema público de ensino e na formação de professores de ciências e biologia no ensino superior. No campo acadêmico tem como foco de interesse os seguintes temas: currículo e ensino de ciências e biologia e formação de professores das referidas áreas.
(Texto informado pelo autor)



segunda-feira, 23 de abril de 2012

quase mil visualizações: queremos sua opinião!

Hoje estamos chegando próximo de mil visuazações neste blog.

Isto significa que este é um tema de interesse de várias pessoas!
E, para que consigamos chegar cada vez mais próximo dos seus interesses, gostaríamos de ter registrada sua opinião sobre este evento!

Para isto, criamos o mural ao lado (esta caixinha verde). Para deixar seu comentário, basta preencher, nas caixas na parte de baixo, seu nome e digitar sua mensagem!
Queremos saber o que você tem achado do evento, como ele tem contribuído, o que você tem achado dos temas e das abordagens, aspectos a melhorar... Você também pode nos sugerir temas que você gostaria de ver abordado nos próximos encontros!
Com isso, além de ter seu recado registrado, você nos ajuda a fazer este evento cada vez mais próximo do que você precisa!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Divulgando: O que pode um cotidiano que prolifera ao experimentar?


Grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana promoverá debates sobre abordagens de pesquisa em ensino de ciências, bem como uma oficina sobre o pensar/criar a partir da força imaginativa da linguagem audiovisual.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Divulgando: Diálogos sobre ensino de ciências

Por iniciativa de professoras que coordenam projetos de Iniciação à Docência no âmbito da Licenciatura em Ciências Biológicas, na Universidade Estadual de Santa Cruz, acontecerá nesta sexta-feira (20 de abril) um evento que debaterá pesquisas e práticas de ensino de Ciências e Biologia.
Vale a pena conferir.


sábado, 14 de abril de 2012

Entre contextos e controversias: palestra de Luciano Silva

Na noite do último dia 13, sexta-feira, tivemos, no Auditório Jorge Amado da Universidade Estadual de Santa Cruz, mais um momento de discussão sobre pesquisas e práticas de Ensino de Ciências.

Na opotunidade, o professor Luciano Fernandes Silva, da Universidade Federal de Itajubá, trouxe alguns resultados sobre suas pesquisas em Ensino de Física, partindo da problemática da contextualização no ensino de Ciências, mas também apontando perspectivas, a partir do uso de situações controversas.


Na ocasião, fizeram-se presentes 40 participantes, dentre professores da instituição, alunos das Licenciaturas em Física, Química e Biologia, além de alunos de pós-graduação.

O ensino das disciplinas de Ciências, Física, Química e Biologia, apesar de suas especificidades, compartilha uma mesma situação problemática: muitas vezes é centrado no repasse de fórmulas, conceitos e nomenclaturas, que nem sempre fazem pleno sentido aos aprendentes. Por outro lado, também é possível destacar que o conteúdo destas disciplinas também tem outro fato em comum: todas versam sobre aspectos cotidiano da vida das pessoas. Isso aponta para uma grande potencialidade do ensino de Ciências: caso o aprendente tome estes saberes para sua vida cotidiana, provavelmente será capaz de tomar decisões mais fundamentadas em sua vida, seja presente ou futura.
Apesar da reconhecida importância da contextualização, restam algumas dúvidas e inquietações, apontadas pelo professor Luciano:
- quando falamos em contextualizar, falamos do contexto de quem?
- quando falamos em problematizar, devemos tomar situações que são problemáticas a quem?
- tomando como ponto de partida a problematização, isto não permite que o aluno forme a ideia de que estes conceitos são aplicáveis apenas à esta situação?
- como o professor de cada disciplina pode partir para um ensino mais contextualizado, tomando como ponto de partida situações problemáticas, a partir de uma estrutura curricular fragmentada, a qual vivenciou na na educação básica e também na graduação?

O contexto em que os alunos vivem traz a oportunidade de explorar vários aspectos das ciências, o que é realmente muito positivo. E digo "ciências" de maneira ampla, uma vez que as situações cotidianas não obedecem a mesma fragmentação que vemos nas disciplinas escolares. Isto exige do professor a capacidade de ver as situações cotidianas, com um olhar inquieto, capaz de perceber as problemáticas que a constituem, em um esforço de compreensão que vai para além de uma ou outra disciplina. Talvez os alunos, vivenciando cada uma destas situações, nem tenham se dado conta de tudo o que envolve o que vivencia, mas o professor, com conhecimento na área e capacidade interpretativa, pode problematizar tais situações, contribuindo para que o aluno as perceba como "suas" problemáticas. Isto também abre possibilidades para o trabalho com problemáticas que não necessariamente são vivenciadas por todos neste momento, afinal, formamos os alunos para a vida presente e futura, para a atuação neste ou em quaisquer outrso contextos. Isto tudo, porém, aponta para grandes desafios na formação de professores, uma vez que, para contribuir na formação de um profissional reflexivo, necessite romper com antigos paradigmas, ainda presentes nas licenciaturas em ciências.
Por fim, trazendo um exemplo específico da Física, sua formação básica, Luciano apresentou uma breve abordagem de um tema a partir de situações controversas.
A palestra foi bastante instigadora, seguida de ampla participação do público presente, que trouxe inquietações sobre sua formação, suas práticas, aspectos das pesquisas em âmbito de trabalho de conclusão de curso, além de reflexões acerca de algumas políticas públicas, como as provas do Enem, que buscam um esforço de contextualização.

Para quem quiser saber mais, vale a pena buscar mais produções do palestrante. Também vale destacar que, ao longo deste ano, acontecerão alguns eventos que terão estas temáticas em debate, conforme é possível conferir no menu ao lado, em "Eventos correlatos"

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Processos de Contextualização e Ensino de Ciências: PALESTRA DIA 13 DE ABRIL



 No dia 13 de abril de 2012, às 18:30, teremos, no Auditório Jorge Amado, na Universidade Estadual de Santa Cruz, o segundo encontro dos Seminários Acadêmicos de Ensino de Ciências. Por ocasião, Luciano Fernandes Silva, professor da Universidade Federal de Itajubá, abordará a problemática do ensino descontextualizado das Ciências, trazendo, a partir de situações controversas da Física, exemplos de alternativas didáticas para um ensino mais contextualizado.

Veja abaixo resumo da fala, informado pelo professor Luciano:

Processos de Contextualização e Ensino de Ciências: o trabalho educativo com temas controversos
Prof. Luciano Fernandes Silva*
As principais críticas dirigidas ao ensino de ciências, de maneira geral, e ao ensino de Física, em particular, ainda se referem a abordagem do ensino desta ciência em uma perspectiva essencialmente tradicional. O ensino tradicional de Física é frequentemente associado ao excessivo formalismo matemático com o qual os conteúdos de Física são apresentados. Além disso, há uma ênfase, quase que exclusiva, em procedimentos de ensino voltados para a resolução de exercícios descontextualizados, nos quais prevalece a mera aplicação de expressões algébricas. Um dos caminhos propostos para enfrentar essa situação é a contextualização dos conteúdos científicos. É importante destacar que esse processo forma, junto com a interdisciplinaridade, o eixo organizador da doutrina curricular expressa na LDB e claramente apresentada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Entretanto, são elaboradas importantes críticas às formas como alguns educadores e pesquisadores concebem esse processo. Nessa palestra levantaremos algumas dessas críticas, procuraremos expor os fundamentos didáticos de tal processo e, por fim, apresentaremos um exemplo de como trabalhar o processo de contextualização em aulas de Ciências através da utilização de controvérsias sócio-científicas.

*O professor Luciano Fernandes Silva é graduado em Física pela Universidade de São Paulo (USP-1996), mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-2001) e doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-2007). Atualmente é professor Adjunto Doutor do Departamento de Física e Química da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI. Foi professor adjunto da UESC durante 1 ano, atuando no curso de graduação em Física. Trabalhou dois anos na UFSCar como professor substituto, lecionando as disciplinas Prática de Ensino de Física e Didática. Atuou 04 anos no ensino superior privado, em curso de Licenciatura em Física. Foi durante sete anos professor de Física em escolas públicas e privadas de Ensino médio do Estado de São Paulo. Sua área de pesquisa está vinculada aos seguintes temas: Ensino de Física, Temática Ambiental, CTS, Formação de Professores e Temas Controversos.
(Texto informado pelo autor)