terça-feira, 24 de abril de 2012

Prática de ensino na formação de professores de Ciências: PALESTRA DIA 25 DE ABRIL


É notória a necessidade da inserção dos licenciandos nos contextos da atuação docente. Contudo, é somente a partir de 2002, principalmente com as Resoluções CNE/CP nº1 e 2 de 2002 (que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e a duração/carga horária das licenciaturas), que a prática de ensino, desde os primeiros semestres, passa a ser obrigatória. Com a exigência legal, cada curso, em cada instituição, buscou formas de contemplá-la da melhor forma possível, dentro da realidade local. Este é um contexto que, até hoje, gera inquietações e demonstra ser necessário o seu debate.

Como as instituições vêm prevendo as práticas de ensino nas licenciaturas?
Qualquer forma de inserção no contexto escolar contempla a formação necessária à pratica de ensino?
A formação teórico-conceitual é condição apriorística para a inserção do licenciando em contextos de ensino? Prever "práticas" de ensino parte do pressuposto da distinção entre teoria e prática?
Como a prática de ensino tem se relacionado com o restante da formação docente?
A prática de ensino poderia ser um contexto de formação que extrapolasse as divisões entre as disciplinas? Isto é possível a partir dos currículos existentes? Para isso, qual a formação desejável do formador dos licenciandos?


Para discutir tal situação problemática contaremos, nesta quarta-feira (25 de abril), 18h45min, no Auditório Jorge Amado, com a participação da professora Luisa Brito, que conversará conosco sobre este tema, o qual também foi discutido em sua tese de doutorado, intitulada "A configuração da "prática como componente curricular" nos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das universidades estaduais da Bahia" (Universidade Federal de São Carlos, 2011).
Confira abaixo resumo da sua tese e o currículo da professora Luisa Brito. Para maiores informações sobre a programação do evento, consulte Programação no menu lateral.



A configuração da "prática como componente curricular" nos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das universidades estaduais da Bahia
Luisa Dias Brito*
Nesta pesquisa, investigo as configurações curriculares produzidas pelos cursos de licenciatura em Ciências Biológicas das Universidades Estaduais da Bahia, para inserir as 400 horas de “prática como componente curricular”, conforme determina as Diretrizes Curriculares Nacionais para formação de professores (DCN). Tive como objetivo compreender tais configurações no interior dos projetos dos cursos e identificar quais os sentidos de prática, presentes nas DCN, foram mobilizados para a sua construção. Além disso, busquei compreender os processos, embates e as disputas que estiveram envolvidos na sua produção. A pesquisa empreendida esteve alicerçada na compreensão “cíclica” da produção das políticas curriculares proposta pelo pesquisador inglês da área de política educacional Stephen Ball e colaboradores e nas pesquisas de autores brasileiros que, apoiando-se nas teorizações de Ball, investigam as atuais políticas curriculares brasileiras para a formação de professores. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, a partir dos projetos dos cursos, realizei análise documental, com o objetivo de identificar como a “prática como componente curricular” está configurada no interior de cada projeto e quais os sentidos de prática foram postos em circulação. Na segunda etapa, desenvolvida com dois dos cursos investigados, realizei entrevistas semi-estruturadas com professores que participaram do processo de estruturação do espaço curricular da “prática”, com o objetivo de identificar os embates envolvidos na sua produção. Resultados: dentre os seis projetos analisados, quatro respondem às DCN recontextualizando as argumentações que justificam a centralidade da prática na formação de professores. Nesses projetos, o espaço da “prática” procura inserir o licenciando, desde o início do curso, nas questões e problemáticas do campo educacional mais amplo e naquelas específicas do ensino de ciências e biologia. Recontextualiza-se, também, a compreensão, presente nas DCN, de que o contato que os licenciandos terão com os diversos espaços educativos, e, ou a problematização das questões referentes ao exercício da profissão nesses espaços, possibilitará, aos mesmos, dar significado à sua formação, bem como ter a percepção da complexidade inerente à docência. Tais projetos buscam promover e articular diferentes práticas sob a perspectiva interdisciplinar, com ênfase nos procedimentos de leituras, análises, discussões, produções coletivas, processos reflexivos e contato com diferentes espaços educacionais. Nos outros dois projetos, as argumentações das DCN não foram mobilizadoras para a configuração do espaço curricular em questão. A análise das narrativas dos entrevistados indicou o desencadeamento de disputas e embates para a configuração do espaço curricular da “prática”, que giraram em torno dos sentidos atribuídos ao referido espaço: a) em um dos cursos, se as horas de “prática” deveriam ser inseridas nas disciplinas de conteúdo específico (biológico) ou ter espaço próprio no interior do currículo; b) no outro curso, se a “prática” seria o lugar no qual os licenciandos aprenderiam a transformar os conhecimentos específicos em conteúdos voltados para o ensino de Ciências e Biologia ou se o papel da “prática como componente curricular” seria o de problematizar questões inerentes à profissão docente e ao ensino de Ciências e Biologia. Em síntese, a pesquisa revelou que a prática, enquanto dimensão formativa, amplia-se no contexto dos cursos de licenciatura de Ciências Biológicas das Universidades Estaduais da Bahia via recontextualização de políticas curriculares nacionais para formação de professores (DCN).
* Profa. Assistente da Universidade Estadual de Santa Cruz - Ilhéus - Bahia, lotada no Departamento de Ciências Biológicas, atuando na área de Ensino de Biologia. Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. Desenvolveu estágio (Doutorado Sanduíche) no Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - PT. Graduou-se em Ciências Biológicas - licenciatura e bacharelado - pela Universidade Estadual Paulista - UNESP/Campus Rio Claro (2001). Concluiu o mestrado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2005). Tem experiência como professora de Ciências e Biologia da educação básica do sistema público de ensino e na formação de professores de ciências e biologia no ensino superior. No campo acadêmico tem como foco de interesse os seguintes temas: currículo e ensino de ciências e biologia e formação de professores das referidas áreas.
(Texto informado pelo autor)



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